domingo, 17 de agosto de 2014

Projeto Summer Season 2014: The Strain

The Strain: terror, vampiros e um possível apocalipse 





Texto sem spoilers

A Summer Season está aí, desde o final do mês de maio, para quem quiser adicionar novos seriados à grade. Até o momento já tivemos 35 estreias, mas confesso que dentre essas séries, pouquíssimas me chamaram a atenção. Diria que apenas três ou quatro, no máximo, eu realmente fiquei com vontade de ver. E uma delas foi The Strain, nova atração do canal FX.

Criada por Guilhermo del Toro e Chuck Hogan, inspirados na Trilogia da Escuridão, a série narra o surgimento de um vírus que começa a se propagar por Nova Iorque a partir de um voo vindo de Berlim, na Alemanha, e a luta do Centro de Controle de Doenças e do Dr. Ephraim Goodweather para conter esse vírus, que transforma as pessoas em vampiros.

O tal avião que aterrissou em Nova Iorque, mais precisamente no Aeroporto John F. Kennedy, contaminou todas as 206 pessoas que estavam a bordo, desde passageiros até o piloto, comissários, enfim. Porém, dos 206 infectados, quatro conseguem sobreviver, e como medida de precaução, foram inicialmente isolados.

A série, que teve um bom piloto, começa a ficar interessante mesmo quando essas quatro pessoas saem do isolamento e voltam à sociedade. A partir daí começamos a acompanhar suas rotinas e, consequentemente, suas transformações até deixarem a forma humana e se tornarem de vez vampiros (ao que tudo indica, o tempo de mutação varia de acordo com o infectado).

O legal disso tudo é que a imagem que começou a ser construída nos últimos anos, acredito eu que a partir do filme Crepúsculo, do vampiro bonitão/bonitona, que tem sentimentos e é bonzinho, é completamente descartada. A imagem que The Strain nos traz deles é a original, se assim podemos dizer. Eles não são sentimentais e muito menos bonitos ou bons, são seres completamente perigosos para a sociedade, feios (nível Nosferatu) e sem piedade, atacando quem quer que seja para conseguir extrair seu sangue. 

Além dessa questão dos vampiros em si e de um possível apocalipse (algo que está muito em alta na TV e no cinema ultimamente), há também o mistério do porquê dessas ações, uma vez que esse vírus não chegou a Nova Iorque por acaso. Ele foi trazido por uma companhia, que aparenta ser muito influente, por um motivo ainda desconhecido por nós, telespectadores.

Com cinco dos treze episódios já exibidos (novos episódios aos domingos), The Strain, que já foi renovada para a segunda temporada, parece ser uma das melhores opções para quem quer ver algo bom vindo desta Summer Season. Logo, se sua grade não está tão cheia assim, ou se está mas você tem disponibilidade para adicionar mais alguns seriados, sugiro que reservem um tempinho para a nova atração do canal FX.

Veja abaixo o trailer da série:



sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Rectify: um novo Daniel Holden começa a surgir

Segunda temporada de Rectify mostra um "novo" Daniel Holden




Texto com Spoilers (até o episódio Weird as you - S02E07)

Um Daniel ainda deslocado, tendo todos os seus passos vigiados pela mãe e pela irmã, como vimos na primeira temporada de Rectify, parece estar dando lugar para um "novo" personagem a partir do segundo ano da atração da SundanceTV.

Não que Daniel Holden esteja recuperado dos traumáticos 19 anos no corredor da morte, sob a acusação de estuprar e assassinar sua então namorada Hanna. Na verdade, isso é algo que ele vai levar para o resto da vida, mas ele agora parece começar a caminhar com os próprios pés, mesmo que os caminhos que esteja percorrendo sejam perigosos.

Mais independente, mais perdido, mais aventureiro: esse é o Daniel após se recuperar do espancamento no cemitério. E o interessante é que isso acontece justamente depois dele encarar mais uma situação de morte. Ser envolto de vez pelos braços da mãe e da irmã, e em alguns momentos pelos de Tawney, talvez fosse a reação mais natural do personagem, mas não foi isso o que aconteceu.

Daniel está cada vez mais se afastando das pessoas que estão aptas parar lhe trazer segurança física e espiritual, e incluo nessa lista, além de Jane, Amantha e Tawney, seu amigo de corredor da morte Kerwin Whitman, que apesar de ter sido executado antes da libertação de Daniel, ainda habitava em sua mente, nos presenteando com diálogos maravilhosos.

Assista aos trailers da primeira e segunda temporadas de Rectify e veja a mudança que o personagem está passando:





Por mais que possa parecer auto-destrutivo, o novo comportamento de Daniel é completamente compreensível. Após quase duas décadas encarcerado, dentro de um regime rigoroso, ele é libertado, mas não se sente completamente livre, uma vez que se depara com duas novas prisões: o regime na qual família o impõe e às limitações da cidade onde vive e dos moradores que lá habitam. Na realidade, Daniel apenas troca de prisão.

Uma semana após estar em "liberdade", se vê cercado novamente pela morte, sendo atacado brutalmente por alguns moradores que querem fazer justiça com às próprias mãos. Após viver quase duas décadas aguardando a morte e depois, quando achava que não iria encontrá-la tão cedo, encará-la novamente, nada mais natural do que tentar fugir de todos o tipo de prisão e viver o que há do lado de fora.

Se Daniel cada vez mais segue seu espírito desbravador, é claro que suas consequências, boas ou ruins, não irão afetar somente a ele, mas todos ao seu redor, afinal, Rectify não é apenas uma série para mostrar a tentativa de uma pessoa que viveu 19 atrás das grades em voltar a ser uma ser social, mesmo com todas às fissuras provocadas, mas é também uma série que mostra o outro lado da história: o lado de quem precisa saber lidar com um tipo de pessoa que passou o que Daniel passou.


Acompanhar os três últimos episódios da segunda temporada de Rectify tem tudo para ser uma experiência e tanto, principalmente agora que a possibilidade do personagem voltar ao encarceramento é grande, ou seja: quando Daniel começa a levar sua vida adiante, a possibilidade de enfrentar novamente seu passado e voltar ao ponto de partida parece ser assustador para alguém que está tão perdido como ele está. 

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O vazio após o Series Finale de Six Feet Under

Terminei Six Feet Under...e agora não sei mais o que fazer da vida




Texto com Spoilers

Um final de semana chuvoso, uma preguiça enorme e uma temporada de Six Feet Under para assistir...a última. Esse era o cenário perfeito para terminar uma das melhores séries que eu já vi na vida, e lá fui eu.

A quinta e última temporada da série criada por Alan Ball, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original com Beleza Americana, e que atualmente está em True Blood e Banshee, foi de longe a mais pesada entre todas as cinco temporadas, e muito disso deve-se à Ruth Fisher, que explanou, de uma vez por todas, todo o peso da vida que carregava.

Eu, inocentemente, achava que Six Feet Under era uma série sobre morte; puro engano. A produção da HBO usa a Família Fisher, dona de uma funerária na Califórnia, para discutir não a morte, mas sim a vida! Os dilemas de uma família que precisa seguir em frente, mesmo com todas as dificuldades que encontra pelo caminho (todas elas iniciadas após a morte do chefe da casa, o pai e marido Nathaniel). Os conflitos externos e, principalmente, os internos existentes em cada personagem (e a gente pode ver isso principalmente através de David e Nathaniel Fisher Jr.).


A série tinha a morte como o agente que movia a história, mas era sobre aqueles que permaneceriam vivos, que ela se tratava. E o Series Finale, cujo foi o único episódio que não começou com uma morte, pelo contrário, começou com uma vida, fortaleceu essa visão dentro de mim.

Falando em Series Finale, o que dizer sobre o último episódio? Foi algo simplesmente maravilhoso. A ideia de mostrar toda a Família Fisher, e mais alguns personagens que nortearam o drama da HBO, como Keith Charles, Brenda Chenowith e Federico Diaz, em seus momentos finais, foi de fazer escorrer rios de lágrimas.

Tudo tem seu início, meio e fim, e foi assim com os personagens. A maioria nós não pudemos ver o nascimento, mas isso nos foi compensado, pois vimos muito além de pessoas, nos vimos dentro de suas angústias, seus medos e suas incertezas. No fim, a Família Fisher era apenas uma família como qualquer outra, e seus membros refletiam algo que não restava restrito apenas à TV; refletiam medos, sonhos, angústias etc existentes em todos os nós. 


Six Feet Under foi maravilhoso do primeiro até o último minuto (e que últimos minutos). Após terminar a série (e após controlar o choro) eu simplesmente não consegui ver mais nenhum outro seriado no final de semana (e bota mais uns três dias na conta). Tudo o que eu conseguia pensar era nos minutos finais daqueles personagens que nos "representavam". E com certeza irei pensar sobre a melhor Series Finale que eu já vi na minha vida (superando The Sopranos e Breaking Bad) por um longo tempo.

É, amigos, a cada série da HBO que eu vejo fico mais convencido que "não é TV, é HBO".


Extra


Achei no Youtube uma versão alternativa do Series Finale de Six Feet Under. Definitivamente não é tão chocante e emocionante quanto a que foi ao ar, mas representa muito bem o que foi toda a série, com o Federico buscando o sucesso profissional; David tendo no Keith o seu porto seguro; Claire, como todo adolescente, em uma encruzilhada da vida, precisando tomar decisões sobre, entre outras coisas, carreira; Natheniel Jr. e sua vontade de ser um homem livre, que simplesmente sai desbravando novos caminhos ao invés de ficar estagnado em um lugar; Brenda sempre parando algo pelo seu próprio comportamento auto-destrutivo; e é claro, Ruth em busca de colocar em prática suas decisões. Bom, vejam aí:



Mais sobre Six Feet Under: Nesta semana eu li um artigo bem interessante fazendo considerações finais sobre Six Feet Under. Foi lá no Blog Viajando na Contramão, do Gabriel Caetano. Quem quiser dar uma lida, é só clicar aí na parte destacada em azul :)